domingo, 19 de setembro de 2010

Manuscript Replica

A partir de 18 de setembro, Mariana Martins realiza a exposição Manuscript Replica, no Acervo da Choque, na Vila Madalena (São Paulo).


A artista plástica, filha de um dos nomes mais importantes da arte moderna, Aldemir Martins, é a fundadora da Choque Cultural e tem uma pesquisa concentrada nos diplomas e seus significados desde 1975.

O nome da exposição tem muito a ver com as colagens de Mariana, que utiliza embalagens, lacres e grafias das mais variadas origens, e é uma menção à música “Rolodex propaganda”, da banda At the drive-in. Manuscript Replica reúne cerca de 20 obras com medidas entre 1 x 1 m e 60 x 30 cm que prezam pela seleção estética de materiais que se combinam visualmente para caracterizar os diplomas criados pela artista. Mariana Martins, que tem forte referência no trabalho do cartunista americano nascido na Romênia, Saul Steinberg, já realizou exposições de diplomas anteriormente, mas hoje, a partir de seu estudo de caligrafia e da atual discussão sobre o tema, levanta mais possibilidades para os novos trabalhos.

Mariana Martins conta que seu trabalho com diplomas começou com seu pai, Aldemir Martins: “ao visitar um amigo, ele viu sua sala repleta de diplomas e comentou comigo que não possuía nenhum, afinal era autodidata. Rapidamente, eu me dispus a produzir o primeiro diploma para meu pai e não parei mais”, revela. “Busco, embora de forma divertida, questionar a função de um diploma no cenário atual da educação. Diploma é ou não necessário? Confere ou não autenticidade à profissão e talento dos indivíduos? A inteligência não é mensurável!”, constata Mariana.
Faço diversos diplomas ao mesmo tempo e não há padrão no meu processo criativo; começo a partir de um lacre, ou uma fita dourada, papel nobre para a base, ou uma nova caligrafia”, detalha. Assim, o expectador verá, nas obras, o uso constante de lacres, selos postais, embalagens de cigarro e de Gengibirra (refrigerante popular no interior do Brasil), de doces etc, que são aplicados sobre um papel de qualidade, além de uma moldura clássica. “Pendurar um diploma na parede é um ritual!”, argumenta Mariana.

Manuscript Replica por Mariana Martins
Todo tipo de classificação humana dita “científica” sempre me irritou e me deixou sentindo um cheiro de fascismo. Provas de escola, testes de Q.I., médicos que sabem definir a fisionomia de um malfeitor por medidas ergonômicas... Os diplomas são a imagem mais estética e patética dessas classificações. Suas autenticações rococós e aspecto falsamente vetusto, no fundo querem simplesmente dizer “eu sou mais que você”. Os diplomas são obras hipócritas, nas quais o mais importante é criar uma aura de autenticidade e credibilidade, não importando realmente, o significado do título que aufere.

Nos meus diplomas, os textos não significam nada, não estão escritos em nenhum idioma, são unicamente exercícios caligráficos, letras desenhadas, inventadas, pertencentes a alfabetos imaginários. São desenvolvimentos estilísticos que remetem a escritas antigas, exóticas, distantes, desconhecidas. Eu me divirto enaltecendo e amplificando a importância do nada. É a minha doce vingança contra as aparências intimidatórias dos diplomas “de verdade”.

Manuscript Replica por Mariana Martins @ Acervo da Choque
Abertura: 18 de setembro, das 16h00 às 20h00
De 18 de setembro a 16 de outubro
Rua Medeiros de Albuquerque, 250, Vila Madalena, São Paulo
Telefone (11) 3061-4051
Terça-feira a sábado, das 13h00 às 18h00, entrada livre
Grátis - Livre

Fonte:www.campeonatosdeskate.com.br

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