quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Pense Skate entrevista Frederico Naroga
PERFIL: FREDERICO NAROGA
PROFISSIONAL DO SKATE: SUPERVISOR DE SKATE “CONVERSE”
ANDA DE SKATE: Sim
TEMPO DE SKATE: 11 anos
IDADE: 25 anos
NATURALIDADE: Belo Horizonte - MG
Pense - Fale-me um pouco mais sobre sua função na Converse?
Sou “Supervisor da Divisão de Skate” na verdade é uma nomenclatura burocrática e hierárquica. Minha real função na Converse é Brand Manager, responsável pela introdução da iniciativa skate dentro da Coopershoes (licenciada Converse no Brasil) e da Converse Skateboard no mercado brasileiro. Minhas funções iniciais, por exemplo, compreendia a contratação de todos os colaboradores internos (Designer Gráfico, Designer de Produto, Gerente Comercial) assim como colaboradores externos (skatistas). Fui responsável também por todo o Planejamento Estratégico da marca, trabalhando no marketing 360 (distribuição, comunicação, preço, produto, merchandising e posicionamento de linhas). E por fim responsável pela criação de ações desenvolvidas afim a resolver a equação necessidade de mercado X posicionamento da marca. Hoje minhas funções estão ligadas ao acompanhamento e adaptação a novos fatores das estratégias traçadas.
Pense – Essa sua função eu não conhecia. Você é uma espécie de Team Manager com Marketing. Como é isso?
Depende o que você entende por Team Manager. Conheço alguns ótimos Team Managers nos EUA e, por isso, sou do conceito de que no Brasil não existe essa função. Aqui ela é exercida por um Gerente ou Assistente de Marketing que agregam dentro das suas funções algumas atribuições de um Team Manager, é o que acontece no meu caso. Team Manager para mim, dentre outra atribuições, tem a função básica de conciliar as necessidades da empresa com as necessidades dos skatistas, para isso 36 horas de dedicação diária não é o suficiente. Aptidões de contabilidade, administração, RH, marketing, design, fotografia e video são alguns conhecimentos básicos para essa função. O Team Manager é o único funcionário da empresa que deve ter dupla interpretação hierárquica: em alguns momentos ele é chefe, em outros subordinado dos skatistas.
Os skatistas da Converse são parte fundamental das estratégias da marca, alias, todas as estratégias são concebidas tendo os skatistas como base. Por isso tento desprender a maior parte do meu tempo e atribuições a eles. Tento, além disso, ajudá-los na administração das carreiras de cada um, mas, mesmo assim não dedico o tempo que penso necessário, que gostaria.
Pense – Quando começou a trabalhar na empresa e como surgiu essa oportunidade?
Tinha saído da marca de skate em que trabalhava anteriormente e estava com passagem marcada para os EUA onde tinha um contato para um estágio em uma marca gringa. Nesse meio tempo recebi uma ligação da Converse para uma conversa informal e para minha surpresa recebi a proposta para ficar no Brasil e comandar a iniciativa. Achei proposta muito boa para o mercado, para o skate e para meus objetivos e aceitei, começando a atividades da Converse Skateboard no Brasil em Agosto de 2008.
Pense - Exerce ou já exerceu antes mais alguma outra função no mercado de skate?
Todas imagináveis! Trabalho com skate há 8 anos e nesses exerci várias funções, inclusive algumas não remuneradas. Comecei como organizador de eventos, narrador confederado na CBSK, juiz, colaborador de noticias para o site da 100%, fotografo, videomaker, fui proprietário de loja, trabalhei com acabamento em shapes, editor de site, assessor da Assembléia Legislativa de Minas Gerais para assuntos de skate, designer, consultor, roteirista, entrevistador, skatista amador patrocinado... Tudo que fosse relacionado ao skate eu estava envolvido em Minas.
Pense – Conte-nos como é o seu dia-a-dia na empresa?
Viajo todo dia 40 km entre Novo Hamburgo (onde resido) e Picada Café (onde fica a empresa). Divido meu dia em etapas, tentando sempre dar atenção a todas as funções e necessidades uma vez por dia. Compreendem ações, planos cooperados com lojas, com mídia, necessidades dos skatistas, planejamento de ações e calendário dos skatistas, necessidades comerciais e dos representantes, merchandising, web, RP, pesquisa, produto, etc. Volto para casa por volta das 19 horas e vou andar de skate.
Pense - Com que freqüência consegue andar de skate?
Tento andar pelo menos 2 vezes por semana. Hoje moro ao lado de uma pista de skate iluminada, em Novo Hamburgo. No fim de semana se não andar de skate a namorada briga, ela anda junto comigo. Minha motivação para andar de skate hoje é bem diferente daquela em que me fez começar: busco acertar as manobras que acertava no passado, isso para mim isso significa evolução já que dedico bem mesmo tempo a pratica do que antes, quando andava pelo menos 3 ou 4 horas por dia.
Pense - Qual sua formação?
Sou técnico em marketing e estou com meu curso de Administração trancado por conta de tempo.
Além disso, convivi durante muitos anos com Mauricio SLG e Savio Guinho, trabalhei com o mestre Moca e convivo há alguns anos com Rafael Russo, Danilo Dandi, Gui Zolin e Daniel Crazy. Essas para mim foi a maiores escolas de marketing que um profissional precisa para conseguir desenvolver um bom trabalho voltado para o mercado, com respeito ao skatistas. Faculdade e cursos para mim serviram para aprender a conciliar esse aprendizado às burocracias e organizações das empresas onde trabalhei.
Pense - Como é trabalhar o skate numa empresa multinacional como a Converse?
Não é fácil, mas é gratificante. A introdução da cultura skate dentro da empresa foi, em minha opinião, o maior desafio e a maior vitoria. É uma empresa que fatura milhões por ano e por isso o skate poderia ser um negocio a mais ou algo sem importância. Mas conseguimos mostrar a importância da iniciativa inclusive para a venda de produtos de outras linhas, que não o skate, pois como não somos uma marca de alta performance e sim de life style o skate é a única pratica esportiva trabalhada na marca e que possuí seus próprios ídolos. Esse é o nosso diferencial de marca em comparação às outras multinacionais que possuem trabalhos no skate e em outros seguimentos.
A grande vantagem de uma marca grande como a Converse é a estrutura. Tenho orgulho de dizer que nossos skatistas têm hoje a melhor estrutura do Brasil para desenvolvimento de seu trabalho e suas carreiras, o que os dá acima de tudo, muita segurança. O fruto disso é o excelente trabalho que toda a equipe vem realizando e que está sendo elogiado por todos.
Pense – Como você vê a cena do skate nacional atualmente?
Em crescimento, mas desorganizado. Acredito que as empresas de uma forma em geral não estão conseguindo corresponder ás expectativa do mercado em vários pontos como investimento, estruturação e contribuição.
O grande problema também é a entrada de marcas estrangeiras em nosso mercado que apenas utilizam o marketing internacional como promoção no Brasil, não dando ao skatista brasileiro nenhum tipo de retorno ao investimento feito por ele na compra do produto.
Acredito também que ainda falta no skatista brasileiro o entendimento de que ele, enquanto consumidor, é quem determina o crescimento do skate no Brasil. Se ele adquire produtos de empresas que não investem no mercado está fortalecendo esse tipo de posicionamento e enfraquecendo as empresas que investem literalmente no skate brasileiro.
Pense - Qual sua expectativa com relação ao skate para os próximos anos?
A cultura skate já alcançou esferas nunca antes esperadas. Nunca em toda a história do skate essa cultura teve tanta influencia na musica, na moda, nas artes, no comportamento. Nunca na historia ele foi tão independente. Nunca foi tão evoluído tecnológico e humanamente.
Em se tratando de evoluções na pratica e dos skatistas prefiro não dar nenhuma expectativa, sempre que fiz isso me surpreendi com o resultado.
Mercadologicamente falando acredito que o próximo estágio no Brasil é conseguir chegar ao que é na America há anos, o mercado de skate bem distinto do mercado de surf e as maiores e mais influentes marcas nas mãos de skatistas.
Pense – Agradecimentos...
Sinto-me lisonjeado em fazer agradecimentos, afinal esse tipo de privilégio é concedido às skatistas de sucesso em suas entrevistas quando podem agradecer a quem contribuiu e contribui para sua carreira.
São muitas pessoas responsáveis pela minha historia do skate. Agradeço minha família e a Deus para começar. Ao Rogerio Ninja, Isaias Twister, Hilton VGS, Biel, Pudim, Felipe Meyer, Ale Vianna, Stanley Mitev, Marcio Tanabe e mestre Moca. A Carol e ao Molocope. Aos meus eternos amigos de BH, Mauricio, Guinho, Gustavo, Thiago, Paulo Tarso e Rosangela. A minha escola de marketing Danilo Dandi, Rafael Russo e Gui Zolin. Ao Gringo, Rica, Mel, Samir e Lis. Ao Diego e São por me agüentarem há 3 anos, a Grazi minha namorada pela inspiração. E, é claro, a minha família por opção: Jay (meu eterno irmão), Crazy, Biano, Renatinho e Carlos Ribeiro.
Entrevista por Rennê Nunes
Fotos por Diego Sarmento, André Ferrer e Alex Brandão
Fonte:www.campeoantosdeskate.com.br
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