Daniel Tavares foi o último nordestino a passar para a categoria profissional e até realizar esse sonho, foram anos na correria das categorias amadoras, muitas viagens e alguns contra tempos.
Cinco anos depois Daniel continua firme e forte com a sua carreira profissional, sendo nas sessões com os amigos ou na correria do dia a dia de uma marca.
Confira esse Focando com um dos skatistas mais respeitados do nordeste.
Entrevista.
- Sabemos que virar profissional no Brasil não é nada fácil, muitos sonham com isso porém poucos conseguem. Como foi essa trajetória, os tempos de amador e os corres para virar um skatista profissional longe dos grandes centros?
Comecei a andar em 96. Em 97 participei do meu primeiro champ, como iniciante e fiquei em terceiro lugar, no meu segundo, também como iniciante, ganhei. Daí em diante passei a viajar pra competir. Em 2000 corri o circuito Nordestino inteiro, ganhei a última etapa e acabei ficando em quinto lugar no ranking. Em 2001 fui campeão cearense. Em 2002 fui campeão Nordestino, participei de uma etapa do circuito Drop Dead e ganhei um importante evento no Rio de janeiro. Em 2005 corri novamente o circuito Nordestino inteiro e fui Bi-Campeão e a partir dai conversei com meus patrocinadores, Pena e Greenish, e me profissionalizei em 2006.
Com isso fui ganhando experiência e respeito no cenário do skate, pela minha dedicação, pelo nível das manobras e também, pelo meu interesse em fazer novas amizades e estar junto das pessoas que integravam esse mundo. Viajei bastante para competir, trazer material – vídeos e fotos, e sempre representei bem meus patrocinadores. Vale destacar que naquela época a Revista Method foi muito importante, pois era uma verdadeira vitrine do skate Nordestino e ajudou bastante todos os atletas. Ainda em 2006 corri uma etapa do Mundial e duas etapas do Brasileiro Pró, depois disso, o circuito brasileiro teve poucos eventos. Meu foco era permanecer no Nordeste e fazer um trabalho aqui. Foi então que decidi parar de competir e me dedicar ao trabalho, continuei andando de skate por paixão e diversão.
Este ano voltei a competir, a estreia foi na etapa do mundial que aconteceu na pista do coco onde fiquei com décima nona colocação. É só o recomeço, pretendo correr outras etapas e continuar andando por muito tempo ainda.
- Você foi o último a passar para a categoria profissional no nordeste e isso foi em 2006, certo? Sabemos que o skate nordestino em termos de estrutura e visibilidade ainda tem muito para evoluir. Como é ser profissional no nordeste e como um profissional nordestino é recebido pela galera de outras regiões?
Concordo que o skate nordestino ainda precisa evoluir e muito, mas acredito que está no caminho certo. Embora as ações aconteçam a passos lentos, já percebemos algumas mudanças. Hoje, quase todas as etapas do circuito brasileiro acontecem no nordeste, com isso os profissionais de outras regiões, vêm pro nordeste e conhecem a realidade daqui. Era diferente quando íamos competir fora e a galera tirava onda, chamando de cabeça chata... hehehehe, mas graças a Deus, sempre fui bem recebido em todos os lugares onde passei.
A galera antes era mais unida, lutava pela mesma causa, corria atrás de melhorias, chegava a boicotar eventos se assim fosse necessário, tudo em prol da valorização do esporte. Hoje, vejo que as pessoas estão mais individualistas, mais interessadas em seus projetos pessoais, no meu ponto de vista o esporte perde com isso. Devemos nos unir para otimizar ainda mais os investimentos que hoje são feitos no esporte, com o intuito de agregar mais credibilidade às ações, aos eventos. As pistas estão sendo construídas e podem ser melhores projetadas. As coisas para o skate melhoram e precisam continuar melhorando e isso só depende de nós que estamos inseridos nesse contexto. Agradeço, também, à Aracaju Family (Adelmo, Mosquito e Cara de Sapo), pois foram os pioneiros a representar o Nordeste, hoje o skatista nordestino é respeitado em outras regiões do Brasil e do mundo.
- Esse ano aconteceu algo que acredito que foi muito legal e importante para você, ter corrido a etapa do WCS em Fortaleza. Como foi participar desse campeonato em casa e voltar a correr um champs?
Foi uma experiência importante e muito positiva pra mim enquanto skatista, desde 2007 estava sem competir. Ter participado foi perfeito, ver minha família e meus amigos assistindo, todos torcendo por mim e vibrando com minha participação. A galera me deu muita força, fiquei instigado pra retornar às competições. O Skate, hoje, é meu estilo de vida, competir será um hobby, sempre que possível irei participar de competições e representar o Ceará e meus patrocinadores da melhor forma possível, estou treinando muito pra isso.
- Você resolveu seguir o caminho que muitos skatistas tentam, mas poucos conseguem o sucesso como donos de marca. Como é a correria com a SEED e como é abrir uma marca de skate em um mercado totalmente dominando pelas marcas de surf ?
A SEED já era um sonho e concretizou-se em 2004 quando dei entrada na papelada junto ao INPI. Comecei fazendo algumas camisas e vendendo pra galera. O registro da marca só saiu ao final de 2007 e em 2008 constituí a empresa e comecei a trabalhar de verdade a marca. As dificuldades são muitas, principalmente financeira, pois para tudo precisa de grana.
A semente está sendo plantada, nessa jornada, há dois anos conto com a parceria da minha irmã Danielle. Somos muito gratos pelo apoio e incentivo da família – da mãe e dos irmãos Pena, Lígia, Brígida, Petrônio e Rubens.
Quanto ao mercado, embora seja complicado, acho que o de skate está em ascensão e ganhando muitos adeptos. O surf já está consolidado, mas nós que desde muito cedo estivemos inseridos nessa realidade, sabemos que isso levou tempo e é fruto de muito trabalho, persistência, profissionalismo e dedicação. Surf e skate são esportes afins, eu também surfo e, por morar distante da praia (Maracanau), o skate foi mais oportuno. Vejo que dá pra conciliar, a SEED é comercializada em algumas das melhores surf shops de Fortaleza. Vendemos estilo de vida para quem pratica esporte e para quem admira e gosta de vestir qualidade. A meta é expandir a linha fortalecendo a identidade com o skate.
- Que planos você tem em mente para o futuro como skatista profissional e para a seed?
Eu, como skatista, pretendo andar muito e viajar bastante, quero voltar à Califórnia, conhecer outros lugares nos EUA, ir à Barcelona e para outros países da Europa em buscando evoluir nas manobras com o intuito de produzir um bom material (filmes e fotos) e de muita diversão, senão perde a graça... hehehehe.
Com a SEED, dar continuidade ao trabalho que já venho fazendo com a Dani, buscando expandir a marca e diversificar os produtos. Pretendo realizar eventos, patrocinar atletas e fazer o que for preciso pra que o skate cearense e nordestino cresça cada vez mais.
Sabemos que o skate no nordeste tem potencial de sobra, precisamos fazer as coisas certas pra colher os frutos de um bom trabalho. SEED CULTURE COMPANY - Plantando a Semente.
Fonte:www.campeonatosdeskate.com.br
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