segunda-feira, 5 de julho de 2010

Doutora radical

Provavelmente você nunca imaginou uma dentista andando de skate. Não é comum, mas assim como no mundo das histórias em quadrinhos, existem pessoas que adotam identidades secretas. E Renata Paschini é uma dessas. Renatinha, como é conhecida entre os surfistas do asfalto, trabalha das 9H00 às 18H00 para deixar os dentes dos pacientes em dia e à noite, tira o jaleco branco e corre para a pista do campeão mundial Sandro Dias, o Mineirinho, em São Bernardo, onde treina das 19H00 às 21H00.



Para quem é leigo, pode parecer que passar o dia em um consultório e a noite arriscando manobras radicais sejam duas práticas completamente avessas.

Mas quem ousa viver os dois lados acha uma explicação para mostrar pontos em comum. "No skate cuido do meu corpo e da minha mente e como dentista cuido dos outros. Talvez não sejam coisas tão diferentes, porque escolhi o lado mais radical da odontologia: faço cirurgias. Já está em mim ser assim, meio doida", brincou Renata, que pratica o esporte desde os 14 anos.

Este mês, a doutora descansará um pouco da profissão e passará mais tempo em cima das quatro rodinhas. Viverá intensamente o lado atleta e disputará pela primeira vez um campeonato internacional, o European Summer Pro Tour, que reunirá os melhores skatistas do mundo até o dia 21.

Renatinha participará de etapas na Itália e na Grécia, e um dos desafios será driblar o preconceito persistente por parte dos homens. "Alguns têm cabeça aberta e até gostam de competir comigo, outros insistem em achar que é um esporte masculino. Mas não ligo. É até um incentivo para ganhar deles".

E foi com o objetivo de quebrar esse tabu que Renatinha assumiu a presidência da Associação Feminina de Skate no começo do ano, ONG de São Bernardo focada em levar o esporte para mulheres de todas as idades em comunidades carentes. "Quero ser exemplo e mostrar que é uma atividade como outra qualquer. Mulheres são cuidadosas e isso favorece para que não se machuquem tanto".

Quando voltar da Europa, a doutora radical terá mais do que pacientes a sua espera: continuará lutando pela igualdade dos sexos e para deixar de ser apenas amadora - categoria na qual disputa campeonatos no Brasil - e se tornar skatista profissional.

Fonte:www.campeonatosdeskate.com.br

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